Entendendo o Envelhecimento do Lubrificante
Com o tempo, os lubrificantes envelhecem e sofrem alterações químicas através de um processo chamado oxidação. Essa é, na verdade, a principal forma pela qual um óleo lubrificante se degrada durante seu uso normal. A oxidação afeta negativamente tanto o óleo base quanto os aditivos, prejudicando suas propriedades químicas e físicas.
Compreender por que um lubrificante oxida é essencial para evitar, atrasar e monitorar esse processo. Além disso, esse conhecimento abre portas para novas tecnologias, como a regeneração de óleo, que permite remover os produtos da oxidação e, potencialmente, prolongar indefinidamente a vida útil do óleo.
O Início do Fim: Como a Oxidação Começa
À medida que o óleo é usado em uma máquina, a oxidação começa — geralmente com a degradação dos aditivos antioxidantes. Se as condições de operação da máquina não mudarem, esses aditivos vão se esgotando de forma quase linear.
Esse período inicial é conhecido como período de indução. Quando os antioxidantes estão quase totalmente consumidos, o óleo base perde sua primeira linha de defesa contra a oxidação.
Óleos sintéticos, por exemplo, são naturalmente mais resistentes, mas mesmo os mais robustos não resistem se forem expostos a altas temperaturas, umidade, partículas metálicas, agitação constante e oxigênio em excesso.
A oxidação pode até começar em um óleo que está parado em estoque! Mas, de modo geral, a intensidade da oxidação está diretamente ligada à quantidade de fatores “oxidantes” presentes.
O Que Acontece com o Óleo Oxidado?
As consequências da oxidação incluem:
- Aumento da viscosidade e formação de ácidos orgânicos
- Criação de borras, vernizes e depósitos
- Perda de aditivos importantes (como os anti-desgaste, dispersantes, inibidores de corrosão etc.)
- Redução do desempenho do óleo base
Tudo isso leva à perda de proteção da máquina contra atrito, desgaste e corrosão.
Três Fases da Oxidação
A oxidação é uma sequência complexa de reações químicas que ocorrem em três etapas principais:
1. Iniciação
É quando o óleo reage com catalisadores (como calor, metais, oxigênio), formando moléculas altamente reativas chamadas radicais livres. Esses radicais querem se ligar a outras moléculas e formar novos compostos.
2. Propagação
Os radicais livres continuam reagindo com outros componentes do óleo e com o oxigênio, criando ainda mais radicais livres e compostos oxigenados.
3. Terminação
Essa fase pode acontecer de forma positiva ou negativa:
- Positiva: os antioxidantes conseguem estabilizar os radicais livres.
- Negativa: os antioxidantes se esgotam, e o processo de oxidação segue em frente, sem controle.
Importante: antioxidantes são “sacrificiais”, ou seja, eles se desgastam para proteger o óleo — mas só até certo ponto.
Etapas Detalhadas da Oxidação
a. Começo de Tudo
O lubrificante, que é uma mistura de óleo base e aditivos, entra em contato com fatores como calor e partículas metálicas. Isso dá início à oxidação.
b. Formação de Radicais Livres
As moléculas do óleo reagem com catalisadores e formam radicais livres. A partir daí, o processo se autoalimenta.
c. Metais de Desgaste
Partículas de cobre, cobalto, ferro, cromo e outros metais podem acelerar a oxidação. Além disso, o desgaste das peças gera resíduos que alimentam ainda mais o ciclo de degradação.
d. Gases Pro-Oxidantes
Gases como dióxido de nitrogênio e óxidos nítricos ajudam a catalisar o processo de oxidação.
e. Radiação Ultravioleta
A luz do sol também pode iniciar a oxidação, mesmo em óleos que ainda nem foram usados — o que explica muitas vezes a coloração alterada do óleo novo.
f. Temperaturas Elevadas
Quanto mais quente, mais rápido o óleo oxida. Acima de 100 °C, as reações aumentam bastante.
g. Presença de Oxigênio
O oxigênio é o principal catalisador da oxidação. Ele está presente no ar e também na água, e participa de todas as etapas do processo.
h. Propagação dos Radicais Livres
Os radicais reagem com oxigênio e com o próprio óleo, gerando mais radicais e compostos oxigenados, como hidroperóxidos e álcoois.
i. Reações em Cadeia
Radicais tipo peróxidos reagem com o óleo, formando mais radicais, aldeídos, cetonas, álcool e água.
j. Antioxidantes em Ação
Antioxidantes entram para interromper essas reações em cadeia. Os mais comuns são os fenólicos e as aminas aromáticas, que “quebram” os radicais. Já os antioxidantes do tipo fosfato e sulfeto decompõem peróxidos em produtos mais estáveis, como álcool e água.
k. Oxidação Avançada
Se o processo continuar mesmo com os antioxidantes, os compostos oxigenados reagem ainda mais, formando ácidos carboxílicos, ésteres e água. Esse processo se acelera com o calor.
l. Formação de Lamas e Vernizes
No final da cadeia, os compostos oxigenados começam a se unir, aumentando de peso e formando borra, verniz e depósitos.
Além disso, os ácidos atacam superfícies metálicas, principalmente quando os inibidores de corrosão já se esgotaram. Isso aumenta a viscosidade do óleo e reduz a eficiência do lubrificante.
m. Produtos Oxidados e Seus Danos
A borra (lama escura) e os depósitos (acúmulo nas superfícies metálicas) são produtos finais da oxidação. Eles são muito diferentes da composição original do óleo e causam sérios problemas na operação da máquina.
Se ainda houver água e ácidos presentes, a corrosão é praticamente certa.
Conclusão
Fatores como água, oxigênio e metais de desgaste podem gerar danos sérios ao óleo lubrificante e às máquinas. Embora os antioxidantes ajudem bastante, eles têm vida útil limitada e acabam se esgotando.
Para que seus lubrificantes durem mais — e suas máquinas também — é essencial entender como e por que a oxidação acontece.
Com esse conhecimento, fica mais fácil combater o problema. Novas tecnologias, como a regeneração de óleo, já estão mudando a forma como lidamos com a vida útil do lubrificante e os custos de manutenção. Vale a pena ficar de olho.
Por Bennett Fitch, Noria Corporation.
Traduzido pela equipe de conteúdos da Noria Brasil.
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ML 30165 - 04/2025: "Identifying the Stages of Oil Oxidation"