Por Gleidson Batista, da Confialub Noria Brasil
O processo de seleção de lubrificantes é abordado como prioridade na norma 55.1 do ICML, deixando claro a sua relevância crucial em um processo de lubrificação que agrega confiabilidade.
Processo de seleção de lubrificantes
De forma geral, as organizações não possuem um processo estruturado, ou não dão a atenção devida, para escolha do lubrificante adequado a ser aplicado em cada máquina ou ponto de lubrificação. As indicações dos fabricantes tem sido quase sempre o norteador dessas escolhas, deixando de lado considerações importantes, que podem no médio e longo prazo comprometer a confiabilidade do ativo, aumentando significativamente o custo de propriedade e reduzindo sua vida útil.
As indicações do fabricante são relevantes e devem sempre ser levadas em consideração durante os estudos de seleção de lubrificantes, mas não devem se limitar. Condições que devem ser ponderadas no processo de seleção de lubrificantes:
- O regime operacional e criticidade do ativo para o processo;
- Condições ambientais, como umidade, temperatura e tipo de contaminantes;
- Acessibilidade e risco em caso de vazamentos,
- Necessidades especiais como biodegradabilidade;
- Aplicações alimentícias;
- Natureza dos contaminantes ( Água, abrasivos, corrosivos, ambiente marinho);
- Histórico de falhas;
- Programa de análise de óleo (quando bem documentando são uma ótima fonte de informação para aumentar a robustez do processo de seleção do lubrificante).
O processo de seleção deve levar em conta ainda a disponibilidade dos fornecedores em oferecer o lubrificante ideal, na quantidade adequada e no tempo adequado para cada aplicação. Fatores tecnológicos e logísticos podem levar a escolhas práticas que no fim das contas não atendem as necessidades de lubrificação da máquina.

Processo de avaliação de desempenho
Uma vez selecionado o lubrificante é de grande importância o acompanhamento do seu desempenho, esse trabalho deve ser desenhado e acompanhado como parte do processo de seleção do lubrificante. Alterações no funcionamento da máquina, o consumo de lubrificante, o consumo de energia ( elétrica, vapor, combustível, etc.), alterações nas propriedades físico-químicas e nível de contaminação são informações que devem retroalimentar o processo de seleção do lubrificante.
A equipe responsável pela avaliação de desempenho deve estar capacitada e atualizada, para identificar oportunidades de melhorar a confiabilidade dos ativos através da seleção do lubrificante adequado, para tanto é necessário a implantação de um programa de atuante para avaliar o desempenho do lubrificante.
Alguns indicadores que podem ser acompanhados para medir a eficácia dos lubrificantes e processo de seleção:
- Taxa de falhas relacionadas a lubrificação (MTBF-Lubrificação)
- Desempenhos em testes de lubrificantes ( IV, Teste de demusibilidade, estabilidade oxidativa, Ponto de anilina)
- Desempenho das viscosidade do óleo ele uso ( % de amostras fora da faixa de viscosidade alvo)
- Aderência à especificação técnica por aplicação
- Racionalização ( redução do numero de lubrificante sem comprometer o desempenho)
- Tendencia de degradação ( Acompanhamento de AN/BN, Oxidação, Nitratação, PQ index)
- Custo total de propriedade ( Preço por litro, Vida útil, impacto em manutenções planejadas)
- Tempo médio de implantação de uma nova seleção ( medir a agilidade e qualidade do processo de seleção e validação)
Engenheiros e técnicos responsáveis pelo processo de seleção de lubrificantes devem possuir formação técnica consolidada e certificações reconhecidas por órgãos certificadores com validação internacional.
ICML –MLT I / MLT II (Técnico de Lubrificação de Máquinas)_Foco prático: inspeção, seleção e aplicação de lubrificantes, padronização de produtos. Ideal para técnicos e engenheiros que atuam em campo.
MLA I / MLA II / MLA III (Analista de Lubrificantes de Máquinas)_Foco em análise de óleo para validar se o lubrificante atende à aplicação. Útil para acompanhar performance após a seleção.
MLE (Engenheiro de Lubrificação de Máquinas)_Certificação de nível estratégico, cobrindo seleção de lubrificantes, gestão de estoque, análise de falhas e otimização de processos. Recomendado para engenheiros líderes.
Conclusão
A seleção de lubrificantes deve ser um processo funcional, aliado as estratégias de manutenção adotadas pela planta, levando a escolha do lubrificante adequado. Caso esse processo seja conduzido de forma exitosa, os seguintes resultados são esperados:
- Redução custos com aquisição de lubrificantes (Custo/benefício);
- Consolidação de lubrificantes, reduzindo o numero de lubrificantes aplicados na planta;
- Redução paradas operacionais (Aumento OEE);
- Extensão vida útil do ativos.
Estabeleça um comitê dedicado ao processo de seleção de lubrificantes, treine os profissionais responsáveis, consulte manuais, fabricantes de equipamento, fabricantes de lubrificantes e especialistas em lubrificação. Obtenha o máximo de desempenhos dos ativos, reduza custos e elimine falhas de lubrificação através da aplicação do lubrificante certo.

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