Prestem atenção, profissionais de manutenção. Vou dizer algo que vai deixá-los desconfortáveis e, francamente, não me importo se vai ferir seus sentimentos. Sua operação de manufatura está falhando, suas máquinas estão no comando, e vocês estão seguindo ordens de equipamentos que deveriam estar seguindo as suas ordens.
Minha empresa está nesta indústria há mais de duas décadas, observando a manufatura americana levar uma surra de concorrentes que descobriram algo que ainda somos orgulhosos demais para admitir: o problema não é nossa tecnologia, nosso dinheiro ou nossa força de trabalho. O problema é a nossa cultura. E até consertarmos isso, vamos continuar sangrando R$ 300 bilhões anualmente em produtividade perdida, enquanto nossos concorrentes globais roubam nosso mercado.
A Lacuna de Desempenho que está Matando a Manufatura Americana
Aqui estão os fatos, e eles são brutais. A indústria americana alcança uma melhoria média de Eficiência Geral dos Equipamentos (OEE) de apenas 8% ao ano. Enquanto isso, a Índia está batendo 41% e a Europa alcança 18%. Isso não é uma lacuna de tecnologia — é um problema cultural grave que está nos custando mais do que o PIB de alguns países pequenos.
De acordo com o Panorama da Indústria de Manufatura Deloitte 2025, 60% dos fabricantes citam a incapacidade de atrair e reter funcionários como seu principal desafio. Mas o que eles não estão dizendo é que o verdadeiro problema não é encontrar pessoas — é criar um ambiente onde as pessoas queiram ficar e contribuir para algo maior do que elas mesmas.
Quando seus custos de substituição de funcionários variam de R$ 60 mil a R$ 240 mil por trabalhador qualificado, e 56% dos fabricantes relatam que a rotatividade tem um impacto de moderado a severo no lucro, você não está lidando com um problema de contratação. Você está lidando com um problema de liderança.
Suas Máquinas Estão Dando Ordens
Imagine este cenário: São 2 da manhã e sua linha de produção mais importante para. A equipe de manutenção corre de um lado para o outro, a operação aponta culpados e a gerência exige respostas. Parece familiar? Isso é porque suas máquinas acabaram de lhe dar uma ordem, e você a seguiu como um bom soldadinho.
Seu compressor não se importa com seu orçamento trimestral quando precisa de manutenção. Seu sistema de esteiras não dá a mínima para a divisão dos seus departamentos quando está implorando por atenção. Suas máquinas operam no ritmo delas, não no seu, e toda vez que você ignora as necessidades delas em favor de planilhas financeiras, elas lembram quem está realmente no comando.
O Estudo de Colaboração na Manufatura da SolidWorks revela que 70% das empresas industriais com excelente colaboração entre a liderança e todas as funções relataram aumentos de lucro superiores a 10%. Mas as organizações presas na mentalidade do “isso não é meu trabalho” experimentam taxas de rotatividade 25% mais altas, tempos de resolução de problemas 40% mais longos e 60% mais incidentes de paradas não programadas.
O Vírus Cultural Infectando a Manufatura Americana
O desafio mais traiçoeiro que enfrentamos não é visível em nenhum relatório financeiro — é o vírus cultural da divisão de departamentos. Essa epidemia do “isso não é meu trabalho” está se espalhando pela manufatura americana como uma praga, e está matando nossa vantagem competitiva, uma janela de manutenção perdida de cada vez.
Pesquisas mostram que esse problema cultural se manifesta na tomada de decisão: ela é baseada na necessidade da máquina ou é baseada na planilha financeira? Quando as planilhas financeiras se sobrepõem à realidade operacional, você paga o preço em paradas não programadas que custam exponencialmente mais do que uma ação preventiva. Organizações com pouca colaboração experimentam custos de manutenção 35% mais altos devido a abordagens reativas (ou seja, só consertar depois que quebra).
Mas aqui está o ponto principal: o jogo está empatado para todos. A Análise de ROI de Investimento em Manufatura Digital da EY mostra que os investidores globais usam critérios idênticos para investimentos na indústria. O dinheiro está disponível, a tecnologia existe e os métodos estão comprovados. A transformação digital na manufatura atingiu R$ 1,84 trilhão em 2023, com iniciativas de digitalização reduzindo os custos de fabricação em R$ 378 milhões ao longo de cinco anos.
O mito da concorrência global injusta é desmentido por esses critérios de investimento idênticos. O que falta não é disponibilidade de dinheiro — é capacidade de fazer acontecer.
Tecnologia Sem Cultura é um Fracasso Caro
Aqui está uma verdade que vai doer: 70% dos fabricantes ainda coletam dados manualmente, apesar de 51,6% terem uma estratégia corporativa de AI. Apenas 35% utilizam tecnologias de AI, principalmente na manutenção preditiva (aquela que prevê a falha antes que ela aconteça), enquanto 61% esperam que a AI impulsione o crescimento até 2029 — um aumento de 41% em relação a 2024.
Tecnologia sem uma cultura de colaboração é um fracasso caro com gráficos mais bonitos. Quando a cultura é problemática, a tecnologia se torna apenas mais uma divisão. Mas quando a cultura é colaborativa, a tecnologia se torna algo que multiplica seus resultados, permitindo manutenção preditiva que reduz falhas em 25%, resolução de problemas em tempo real entre departamentos e tomada de decisão baseada em dados em todos os níveis.
A equação é simples: $Tecnologia \times Cultura Colaborativa = Transforma\c{c}\~ao$.
O Framework IMPACT: Seu Plano de Batalha
Chega de diagnóstico — vamos falar de solução. O framework (método) IMPACT fornece uma abordagem sistemática para a transformação colaborativa na indústria. Isso não é teoria; é um plano de implementação testado em campo, com marcos claros e resultados que podem ser medidos.
Investigar & Avaliar: Calcule os custos reais das paradas, mapeie os problemas organizacionais, encare os fatos de frente. 98% dos fabricantes reconhecem a necessidade de avaliar sua maturidade digital, mas poucos têm a coragem de enfrentar o que encontram.
Mobilizar & Preparar: Monte equipes com gente de todas as áreas e dê a elas autoridade para agir. Isso não é formar um comitê — é construir uma aliança para a mudança.
Pilotar & Adaptar: Selecione os pontos críticos de falha, teste táticas inovadoras. Comece pelos 20% que causam 80% dos problemas.
Ativar & Implantar: Expanda os testes bem-sucedidos por todas as operações. Treine todos nos métodos de melhoria, não apenas a gerência.
Consolidar & Transferir: Documente os sucessos, padronize as práticas, desenvolva a capacidade interna. O que não está documentado, não existe.
Monitorar & Otimizar: Acompanhe os números religiosamente, ajuste com base nos resultados, nunca pare de avançar. A excelência de ontem é o mínimo esperado hoje.
Suas Ordens: Começando Segunda-feira às 08:00
A revolução começa com estes cinco passos, e não quero ouvir desculpas sobre por que você não pode implementá-los:
Primeiro, calcule seus custos reais de parada. Encare os fatos nus e crus sobre sua lacuna de desempenho. A maioria das organizações subestima esses custos em 300-400%.
Segundo, identifique seu ponto crítico de falha. Comece pela maior dor de cabeça em sua operação — aquela que tira seu sono à noite.
Terceiro, monte sua aliança e dê a ela autoridade para agir entre os departamentos. Esforços parciais geram resultados parciais.
Quarto, comprometa-se com um piloto de 30 dias. Prove o conceito com resultados mensuráveis. Nenhum programa piloto na história falhou porque o prazo era agressivo demais.
Quinto, meça tudo. São os dados que guiam as decisões e constroem credibilidade. Se você não pode medir, você não pode gerenciar.
A Escolha é Sua: Excelência ou Desculpas
A redução das taxas de juros em 2025 tem o potencial de impulsionar investimentos e gastos, mas os fabricantes enfrentam um ambiente de negócios desafiador com custos mais altos, incerteza política e desafios persistentes de talentos. A questão não é se a mudança é necessária — é se temos a coragem de implementá-la.
Manufatura colaborativa não é outra modinha de consultor — é uma abordagem sistemática para a excelência com ROI mensurável, que transforma a indústria de um centro de custo para uma vantagem competitiva. Organizações que adotam essa abordagem veem melhorias de desempenho de 3 a 5 vezes, redução de 15% a 20% nos custos de parada e redução de 25% na rotatividade de funcionários.
O futuro não é sobre competir em custos de mão de obra — é sobre competir em excelência colaborativa. Suas máquinas não se importam com suas desculpas, seus concorrentes não estão esperando você ficar confortável e seus clientes merecem mais do que seu desempenho atual.
A revolução começa na segunda-feira, às 08:00. A única questão é se você estará liderando ou assistindo ela passar por você.
[Traduzido pela equipe de conteúdos da Noria Brasil]

